Sabe aquele filme que a gente costuma torcer o nariz só de ouvir o nome? Pois então, aconteceu comigo em Paprika, não é à toa que enrolei quase uma década para assistir esse filme, e não estou exagerando. Hahaha
Descobrir que Paprika é uma experiência deliciosamente assustadora e divertida foi uma ótima surpresa, e não é para menos, o filme explora a mente humana da forma mais extrema e interessante possível. É através da beleza misteriosa do mundo dos sonhos que essa história se desenrola, e esse tema nunca foi tão vibrante na tela quanto é no mundo de Paprika. Nem A Origem (Inception) que surgiu posteriormente e foi inspirado por Paprika conseguiu superar a magnitude dessa obra. Será que isso se deve ao fato da evolução intrínseca do anime?!
As sequências dos sonhos em Paprika são trippy, muito mais trippy do que eu imaginava antes de vivenciar o filme. O design visual da animação feito pela Madhouse é impressionante, a trilha sonora composta por Susumu Hirasawa é excelente, tudo muito bem feito para compor perfeitamente uma história intrigante sobre tecnologia versus subconsciente.
Sobre Paprika:
O filme de animação japonês escrito e dirigido por Satoshi Kon é baseado no romance de mesmo nome, de Yasutaka Tsutsui. O filme fala do mau uso da tecnologia, um assunto bem próximo e atual da cultura japonesa, e é comum em muitas outras histórias de ficção científica.
A animação é sobre um dispositivo dos sonhos, chamado DC Mini, que está sendo desenvolvido por uma grande corporação como uma ferramenta de terapia psiquiátrica. A heroína do filme é Atsuko Chiba, uma psicoterapeuta que trabalha no mundo dos sonhos disfarça de seu alter-ego, Paprika. Na pele de Paprika, ela usa secretamente o DC Mini para entrar nos sonhos de seus pacientes, incluindo um detetive da polícia, Toshimi Konakawa.
A história começa a tomar rumos perigosos quando o DC Mini é roubado por alguém que passa a invadir os sonhos de várias pessoas, manipulando suas mentes de uma forma que a realidade começa a distorcer os limites entre ficção e realidade, fazendo vítimas fatais. A partir dai Atsuko e seus colegas de laboratório, Dr. Kosaku Tokita, o inventor do DC Mini, e seu chefe Dr. Torataro Shima, precisam trabalhar juntos para rastrear a máquina roubada e pôr fim à crescente ameaça. Mas o que tanto temiam acontece próximo do final do filme, onde os dois mundos se fundem completamente, tornando impossível saber o que é real.
Outro olhar:
A forma como a animação capta a imagem dos sonhos na tela é a cereja do bolo, mesmo em filmes completamente sobre sonhos essa noção não é compreendida. A Origem, por exemplo, era grande, mas os sonhos nunca pareciam irreais o suficiente. O que não acontece em Paprika, os sonhos do filme estouram em visuais criativos e originais que os tornam espetáculos, incríveis para quem assiste e pode testemunhar um estranho passeio através do subconsciente que é assustadoramente familiar e ainda assim obtuso.
A história tece muito suavemente do thriller de ficção científica a história de detetive, temperado com tecnologia e realidade, um prato cheio para quem gosta desses ingredientes, e pode digerir todos esses aspectos e texturas com muito mais sabor em uma única obra.
Considerações finais:
O filme é visualmente deslumbrante e engenhoso, ele se destaca trazendo os conceitos de sonhos no mundo dos abusos científicos. Paprika é a ilustração perfeita de como novas tecnologias podem trazer soluções e melhorias, mas também mostra o quanto os avanços tecnológicos podem ser perigosos. Paprika testa o que resta da nossa humanidade, o nosso subconsciente, o que há de mais íntimo e só pode ser encontrada em nossos sonhos. Por fim, Kon orquestra um deleite visual para os olhos, com complexidade e premissa de condução para a mente.
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